11 de marzo de 2009

Igreja excomunga médicos que fizeram aborto a menina grávida de gêmeos!

Autorizado pela Constituição, que admite a interrupção da gravidez em caso de estupro ou de risco de vida para a mãe, o aborto foi feito num hospital público do Recife e a garota ja teve alta. O procedimento foi duramente criticado pelo arcebispo de Recife e Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou da Igreja Católica a mãe da menina e todos os profissionais envolvidos no aborto. A excomunhão é o castigo mais grave da Igreja católica e o crente excomungado fica proibido de receber sacramentos como o baptismo, comunhão, crisma ou casamento.
O Presidente Lula da Silva disse hoje que "lamenta profundamente a atitude conservadora" do bispo."Não é possível permitir que uma menina violada por um padrasto tenha esse filho, até porque a menina corria risco de vida. Neste aspecto, a Medicina está mais correta que a Igreja", afirmou.
O ministro brasileiro da Saúde, José Gomes Temporão, considerou que, do ponto de vista da saúde pública, "a conduta dos médicos foi absolutamente correcta".Temporão disse ainda estar impressionado com os dois acontecimentos: a agressão à menina de 9 anos e a posição do arcebispo de Recife e Olinda.
Contactada pela agência Lusa, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, entidade máxima da Igreja Católica no país, informou que ainda não se manifestou sobre o assunto porque o seu presidente está no estrangeiro mas que deverá divulgar uma nota em breve. Para o padre doutor Vicente Ferreira Lima, presidente do Tribunal Eclesiástico de Divinópolis, Minas Gerais, o Código de Direito Canónico não deixa dúvidas: "Quem provoca o aborto incorre em excomunhão `latae sententiae`, ou seja, excomunhão automática", afirmou o especialista em Direito Canónico hoje à agência Lusa, lembrando que isto não se aplica à menina, por ela ser menor. Na avaliação do padre Lima, todas as pessoas que advogam a favor da garota são "incoerentes", porque "se esquecem das duas vidas que foram ceifadas com o aborto". "A ciência médica, com todo o avanço que atingiu na actualidade e com os meios de que dispõe não teria como assistir esta menor? Além disso, ninguém colocou o dedo na chaga - a questão social, que origina todos estes problemas", assinalou.
A menina que foi violada vive numa família pobre e desestruturada. A mãe separou-se do pai há três anos e passou a viver com o desempregado Jaílson José da Silva, de 23 anos, que abusava também de sua outra filha de 14 anos, deficiente.
Os médicos não sentem qualquer arrependimento e disseram que a mãe, com apenas 33 quilos e 1,36 metros de altura, poderia morrer se levasse a gravidez dos gémeos até ao fim. "Esta criança poderia, no mínimo, ficar estéril ou até morrer. Ela poderia sofrer ruptura de útero, hemorragia, eclâmpsia ou parto prematuro, pois não tinha condições de levar a gestação até o fim", destacou a médica Fátima Maia, directora do Centro Integrado de Saúde, onde foi feito o aborto.
O padrasto da menina está numa penitenciária de Caruaru, Estado de Pernambuco, e pode ser condenado a mais de 15 anos de prisão em regime fechado.
A garota não sabe que fez um aborto e pensa ter sido internada por causa de parasitas intestinais. Ela, a irmã e a mãe, que não desconfiava que o companheiro abusava das filhas, foram transferida hoje para um abrigo. O endereço não foi revelado para preservar a privacidade das vítimas.

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