27 de noviembre de 2015

25 de Novembro - Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher:


Por: Jean Wyllys
A cultura do estupro não é imaginária. É gravíssima e se reflete no assustador número de uma mulher estuprada a cada onze minutos no país (Fonte: 9º Anuário da Segurança Pública/2015). Infelizmente, o estupro é apenas uma parte da violência à qual as mulheres brasileiras são submetidas cotidianamente.

Se você ainda não entendeu a gravidade deste dado, pense no seguinte: para cada assassinato ocorrido no Brasil, estima-se que ocorram pelo menos 10 estupros. São cerca de meio milhão de estupros por ano no país, e apenas 10% destes são denunciados à polícia - número que, sozinho, já supera o próprio número de pessoas assassinadas! As mulheres são 90% das vítimas de estupro, que, na maior parte das vezes, ocorre dentro do lar e cujo autor é alguém do seu círculo familiar ou social. Mulheres lésbicas sofrem os mal chamados "estupros corretivos".

Matar uma mulher por sua condição de mulher se chama feminicídio. Acontece um a cada 90 minutos (Fonte: Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil - Ipea/2013). E é crime.

Do total de assassinatos e de violências físicas contra mulheres, há ainda aqueles em que o algoz é o próprio marido ou companheiro, por ódio, desprezo ou pelo sentimento de perda da propriedade sobre a mulher. O Brasil também figura como o infeliz campeão no número de assassinatos de mulheres trans e travestis. Outros crimes, como a pornografia de vingança, tem efeito devastador sobre a vida de inúmeras mulheres que perdem emprego, família e às vezes a própria vida. São crimes que ocorrem porque elas são mulheres e estão vulneráveis à cultura machista em que a violência dos maridos ou companheiros contra suas esposas é até mesmo tolerada ou justificada em rodas de conversa e delegacias.

Apenas uma pequena parte das vítimas de violência - assaltos, agressões ou outros crimes que envolvam qualquer forma de coação ou intimidação - farão parte do índice de homicídios, e este índice não diferencia pessoas mortas em brigas, ações policiais, durante o cometimento de crimes daquelas que morreram por feminicídio, por exemplo.

Portanto, precisamos sim ter mecanismos para proteger as mulheres da violência! Sou um aliado das mulheres, um pró-feminista, e mesmo não passando por todas as situações de violência que as mulheres vivem, tenho certeza que essa é uma mudança que só poderá acontecer a partir do empoderamento de todas e da autonomia sobre seus próprios corpos. E, obviamente, da conscientização dos homens em relação aos privilégios que nos beneficiam em detrimento dos direitos delas.

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