O dia 28 de setembro tem sido um
dia de luta para as mulheres da América Latina e do Caribe. Uma data em que
se coloca em pauta como os Estados têm ou não garantido a saúde e a vida
das mulheres. O caso de Jandira Magdalena dos Santos Cruz é mais um indicador
da necessidade urgente da legalização do aborto em nosso país.
A criminalização do aborto tem
ceifado a vida e/ou causado sérios e irreparáveis danos para a saúde física
e mental de milhares de mulheres, ano após ano. No período eleitoral a questão
do aborto volta à cena pública. Os candidatos e as candidatas são sempre
convocados a explicitar seu posicionamento sobre o tema. Ocorre que a
discussão da forma como tem sido proposta – O senhor ou a senhora é a
favor ou contra o aborto? –não tem levado em consideração o que
realmente importa.
As respostas que têm sido dadas
pela maioria dos políticos são um desrespeito à dolorosa realidade das
mulheres brasileiras, privadas de um direito fundamental: o de conduzir
suas vidas com liberdade e autonomia.
Afirmações como a de que a
legislação existente no país já é suficiente e não se precisa discutir mais
a questão, tem se mostrado a preferida dos políticos, mesmo que não tenham
nenhuma evidência na realidade. Caso a legislação fosse realmente satisfatória
não teríamos essa causal de saúde impactando a vida das mulheres de maneira
tão significativa. Se assim fosse, tragédias como a de Jandira não se
repetiriam todos os dias. O aborto, ano após ano, tem se mantido como uma
das cinco principais causas de morte de mulheres no Brasil. Dados de
atendimento no Sistema Único de Saúde mostram que o procedimento da
curetagem tem se mantido constante em cerca de 250 mil por ano. Como é
possível que alguém que pretende ser a/o dirigente máximo da nação trate tão
levianamente esse problema?
Declarações de que a sua
confissão religiosa não permite avançar na pauta do aborto é outra forma de
se esquivar da questão. O posicionamento confessional particular de cada um
dos candidatos ou candidatas sobre o aborto não nos parece realmente
relevante. O que realmente interessa à sociedade é saber quais são as
políticas públicas que pretendem implementar para resolver esse que tem se
mostrado como um grave problema de saúde pública.
É um dever ético e político de
candidatas e candidatos dar a devida atenção à saúde e das mulheres e
propor ações que causem impacto nas causas da morbidade e mortalidade
materna e que permitam o exercício pleno dos seus direitos. Ao invés de se
curvarem à exigência de lideranças religiosas que têm condicionado o apoio
da sua igreja e dos fiéis nas urnas ao seu posicionamento de repúdio à
questão do aborto, deveriam tratar a temática com responsabilidade e não
com fins eleitoreiros, dadas as consequências reais para a vida das
mulheres.
Defendemos a legalização do
aborto porque ela é absolutamente necessária para a garantia da vida das
mulheres.
Defendemos a legalização do aborto porque é uma
questão de saúde publica e de respeito aos direitos e à cidadania das
mulheres.
Católicas pelo Direito de
Decidir
28 de setembro – Dia de luta
pela Despenalização do Aborto na América Latina e Caribe – 2014
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