Posted by : Victor
Alberto sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Madonna, esteve presente ontem no
Barclays Center, em Nova York, para apresentar duas integrantes da banda Pussy
Riot em um festival promovido pela Amnesty International, movimento de apoio
aos direitos humanos. A Rainha do Pop aproveitou a oportunidade para falar
sobre algumas situações de opressão que sofreu durante as apresentações da MDNA
Tour na Rússia, e criticou o regime do País.
Madonna falando sobre liberdade em festival promovido pelo movimento
Amnesty International.
"Bem, eu gostaria primeiramente de agradecer ao Pussy Riot por fazer a
palavra ‘pussy’(vagina) uma palavra falável na minha casa. Antes era algo
‘ilegal’, e agora meus dois filhos pequenos saem pela casa falando isso o tempo
todo; em referência ao Pussy Riot, claro.
Não é coincidência que eu estava em turnê mundial, e que fui fazer um show em
Moscow em um período no qual as Pussy Riot estavam presas por organizarem uma
apresentação de dois minutos de uma de suas canções em uma igreja. A música
critica o presidente Vladimir Putin e seu regime de intolerância contra a
comunidade gay, a liberdade artística, a liberdade de expressão e aos direitos
humanos em geral.
Eu fiquei chocada quando descobri isso, e resolvi falar abertamente a respeito
quando estava no palco. Por isso, recebi ameaças de morte, e certamente meu
número de seguranças teve que dobrar. Primeiro estivemos em São Petesburgo; meu
show foi atacado e criticado pelo regime por ser um ‘show gay’ e por promover a
homossexualidade... o que eu comecei a fazer.
Enfim, todas as pessoas trabalhando e performando no meu show, incluindo eu
mesma, estávamos correndo risco de sermos presos por encorajar um “comportamento
gay” no show, o que eu tenho que dizer não influenciou em nada já que não mudei
um segundo da apresentação... e não fui presa.
Infelizmente eu fui processada em 1 milhão de reais por esse ato criminal e 87
fãs meus foram presos por “comportamento gay” – seja lá o que isso significa.
Então aqui estamos 2 anos depois... Pussy Riot está fora da cadeia. Obrigada
não somente ao movimento ‘Amnesty International’, mas as milhares de vozes e
ações de demonstração ao redor do mundo de pessoas que se importam com os
direitos humanos. Muito Obrigada. E não é por isso que estamos todos aqui hoje
a noite pessoal, para celebrar os direitos humanos, certo?
Mas vocês não acham estranho termos a expressão ‘direitos humanos’ em nosso
dicionário, já que, não é algo que deveríamos lutar pra ter? O certo é ser
livre, se expressar, ter uma opinião, amar quem quisermos amar, ser quem
somos... nós temos mesmo que lutar pra ter isso? Isso é uma besteira.
Eu sempre me considerei uma lutadora da liberdade, desde os anos 80 quando eu
percebi que tinha uma voz e que poderia cantar sobre mais coisas do que ser uma
garota materialista ou como uma virgem. E eu definitivamente tenho sido punida
por isso, por falar o que está na minha cabeça, e por não ignorar esse tipo de
discriminação. Mas tudo bem.
Quando eu estive na Russia, e pude presenciar o que estava acontecendo com
Pussy Riot e com a comunidade gay, percebi o quão sortuda eu sou por viver em
um país onde eu posso me expressar. Eu sei que a América não é perfeita, é
verdade, mas eu posso falar aquilo que está na minha cabeça; eu posso criticar
o governo; eu posso criticar os fundamentalismos religiosos, isso sem sentir
medo de ir parar na cadeia; pelo menos não ainda. Eu não costumo tomar essa
liberdade de forma reprimida, e acho que vocês também não deveriam.
As duas membros do Pussy Riot que vou apresentar agora não tem esses direitos
em seu país de origem. Elas não compartilham da mesma liberdade que eu.
Portanto elas devem ser aplaudidas por sua coragem. Elas tiveram que lutar pelo
que acreditam, e aceitaram as consequências. Eu consigo imaginar as injustiças
que elas sofreram durante 2 anos presas, e sei que não estão arrependidas de
suas escolhas e decisões e que se pudessem se sacrificariam de novo.
É hora do resto do mundo ser tão corajoso quanto o Pussy Riot, e se rebelar
contra pessoas como o presidente Putin, líderes e organizações que não
respeitam os direitos humanos, e perpetuam opressão, discriminação e injustiça
a todos. Nós temos uma obrigação moral de apoiar a todos que tenham sido
perseguidos nas nossas ruas e do outro lado do mundo.
Eu gostaria de agradecer ao Amnesty International pelo seu apoio, e por fim, é
meu privilégio e minha honra senhoras e senhores, apresentar a vocês Masha e
Nadya do Pussy Riot. Garotas, subam ao palco!"
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