Católicas
repudia o golpe parlamentar
O dia 12 de
maio de 2016 ficará marcado na história do país, pelo rompimento da ordem
democrática e a violação da Constituição.
Católicas pelo Direito de Decidir, que
desde sua constituição, há mais de 20 anos, trabalha pela efetivação dos
direitos das mulheres, colocando o Estado de Direito, laico, guiado por uma
ética republicana, e pelas liberdades democráticas como fundamento necessário
ao estabelecimento de um país justo para com todas as suas cidadãs e cidadãos
repudia o golpe parlamentar que culminou na abertura do processo de
impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff no Senado e seu afastamento do
exercício de seu mandato. Dia que ficará marcado na história do país, pelo
rompimento da ordem democrática e a violação da Constituição.
Não reconhecemos o Governo que se instalou. Dilma Rousseff é e continuará sendo a nossa Presidenta, porque eleita
pelo povo brasileiro em um processo que respeitou as regras estabelecidas
constitucionalmente para tal. Os partidos de oposição e seus líderes, de
forma vergonhosa, recusaram-se a aceitar as regras do jogo democrático.
Perderam nas urnas e, desde o primeiro momento do 2º mandato da Presidenta,
iniciaram uma batalha contra ela e seu Governo. Cometer erros não justifica o
impeachment; não há comprovação de crime. Como disse a Presidenta Dilma, hoje
ela sofre “a dor da injustiça, depois de ter sofrido a dor da tortura e a dor
da doença”.
Da oposição, nenhum respeito pela Nação, nenhuma consideração pelo bem do
país. Apenas a busca inescrupulosa de chegar ao poder, o que conseguiram de
maneira ilegítima. Tomá-lo, para continuar a usufruir dele em seu próprio
benefício. Para impedir a continuidade da luta contra a corrupção. Não há
argumento contra o fato público de que os condutores do golpe têm sobre si
acusações, estas sim, fundadas, de usurpação de recursos públicos.
Como mulheres, feministas, identificamos o sexismo expresso na
perseguição sistemática e sem tréguas à Presidenta, articulada pelos líderes
da oposição política, pelos meios de comunicação, em particular pela Rede
Globo, pelos setores conservadores e retrógrados da sociedade, pelos
fundamentalistas religiosos.
Perseguição apoiada por setores do Poder Judiciário, cujo dever é o de
“operar segundo os ditames da Constituição e do ordenamento jurídico, não
admitindo a sua partidarização, seu funcionamento seletivo e perseguições
políticas de qualquer natureza”, conforme afirmaram em nota juristas
brasileiros.
Também identificamos este sexismo na ausência de mulheres na composição
dos ministérios anunciados por Temer, sintoma de um governo que não reconhece
a legitimidade e empoderamento das mulheres, e também acena para o
desrespeito total de nossos direitos.
Tememos pelo futuro do nosso país. A ruptura do processo democrático pelo
desrespeito ao mandato popular conquistado de forma livre e transparente pelo
voto, põe em risco o Estado de Direito. Põe em risco a vigência dos Direitos
Humanos e, em especial, dos direitos da população mais pobre, da população negra,
das minorias e das mulheres, como parâmetro para a proposição de políticas
públicas.
O horizonte que se apresenta é o da truculência policial, do exercício do
poder pela força, da perda de direitos conquistados. O juízo político feito
contra a Presidenta Dilma, sem o fundamento dos fatos e razões jurídicas,
evidencia a violência desse processo.
Tememos, mas não nos calaremos, muito menos cruzaremos os braços diante
deste cenário nefasto. Tempos sombrios e duros nos aguardam, mas como uma
organização que preza pelos direitos, pela democracia e pela liberdade,
lutaremos, juntamente com nossas/os incansáveis parceiras e parceiros, contra
este governo ilegítimo e golpista.
Não se encerra uma era. Não é o fim das forças democráticas de esquerda
que desejam um país justo, que reconheça o direito de todas e todos as
cidadãs e cidadãos do país ao gozo da riqueza produzida por todas e todos. O
horizonte da busca por justiça social continuará a nos guiar.
#PelaDemocracia #PelosDireitos #VaiTerLuta #NãoAoRetrocessoPolítico
#ReformaPolíticaJá #OcuparEresistir #DitaduraNuncaMais #ForaTemer
Católicas pelo Direito de Decidir
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24 de mayo de 2016
Católicas pelo Direito de Decidir - Brasil:
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